12 de abr. de 2010

Dizer sim para o mal ou dizer não?

 Esses e muitos outros exemplos semelhantes nos permitem generalizar a resposta de Cristo ao dilema do mal. Responder sim para o mal seria aprová-lo; dizer não seria negá-lo. Os saduceus, os liberais dos dias de Jesus , apoiavam  alguns tipos de mal (como o divórcio e a descrença no sobrenatural), enquanto os fariseus, os conservadores, condenavam todo tipo de mal. Como Jesus poderia distinguir-se de ambos com uma unica atitude?
 Amar o mal implica tornar-se maligno; sucumbir a ele. Entretanto, odiar o mal pode levar a pessoa a ser vencida por ele. Isto porque é praticamente impossível: (1) evitar a auto-justificação farisaica; e (2) odiar o pecado sem odiar os pecadores. Além disso, em última instância, (3) odiar nos torna ríspidos, sombrios e negativos, pois mesmo que conseguíssemos odiar apenas o mal, o ódio se instalaria em nosso íntimo.
 A solução simples que Jesus propôs para o mal se resume em uma unica palavra: perdão. Quem libera perdão não nega o mal nem o aprova. Admite o mal, mas dissolve o elo que une o pecador ao pecado, libertando o pecador. O arrependimento faz o mesmo pelo pecador que confessa e deixa o mal. Arrependimento e perdão trabalham juntos.
 Parece-nos impossível que Deus resolva o dilema do mal com a justiça e a misericórdia, mas nos evangelhos vemos que Ele faz isso. Aparentemente, Deus não poderia exercer justiça e misericórdia ao mesmo tempo. Ou Ele teria de lançar punição justa pelo pecado, a morte, ou evitar a punição. A misericórdia parece um relaxamento da justiça; e a justiça parece uma recusa à misericórdia. Ou punimos alguém, ou não o fazemos. As leis da lógica humana não nos permitem compreender como Deus pode ser ao mesmo tempo justo e misericordioso, assim como, pelas leis da Física, não concebemos que um corpo esteja em dois lugares ao mesmo tempo.
 Deus solucionou o problema do mal no Calvário. A justiça plena foi realizada: o pecado foi punido com o castigo da morte e o abandono por Deus (Mt 27.46). Entretanto, a misericórdia e o perdão também foram consumados. A saída foi conceder a nós a misericórdia  e lançar sobre Jesus a punição exigida pela justiça.
 Um corpo não pode estar em dois lugares ao mesmo tempo, mas dois corpos podem. O pecador com seu pecado não poderia receber ao mesmo tempo punição justa e o perdão misericordioso; entretanto, o sacrifício vicário de Cristo separou o pecado do pecador. O pecado recebeu sua justa punição na pessoa de Jesus  na cruz; e nós, pecadores, recebemos  a misericórdia e o perdão de Deus. Por isso, a fórmula bíblica para que sejamos salvos é arrepender-nos de nossos pecados e crer no sacrifico vicário de Cristo.
 De maneira objetiva, a salvação foi realizada por Cristo na cruz, mas subjetivamente precisamos aceitar este fato, bem como a separação que Ele fez ali entre o pecado e o pecador. Nosso arrependimento e nossa fé são respostas afirmativas a esse ato salvívico; permanecer impenitentes e descrentes é dizer não a Deus, à Sua justiça e à Sua misericórdia.


Trecho do livro: Manual de defesa da Fé.

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